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As marcas que financiam o desmatamento da Amazônia.

Por Luciane Pires Imagem: Greenpeace - foto reprodução


Os Frigoríficos das marcas Friboi, Unilever, Sadia, Perdigão e Seara são os patrocinadores ‘Top’ das empresas Marinho de Comunicação, ou seja, Rede Globo. Somente para 30 segundos de comercial no ano de 2013, a J.S Friboi gastou algo como 50 milhões em publicidade.




Montando a stand de vendas:


Toda a marca precisa de endorse de marketing, no português, endosso de mercado. Para que toda essa carne produzida seja consumida, é preciso trabalhar a imagem do churrasco e associá-lo como momento verdadeiro de encontro e prazer no seio da família brasileira. Cada vez mais inserida na cultura e com o objetivo de ser consumida em larga escala industrial, a carne vermelha recebe a afirmação de artistas sertanejos que se sentam em panoramas campeiros com chimarrão ou tererê na mão, preparando-a no espeto, tocando gaita e viola. Tudo isso regado a muita cerveja, outro nicho de super marcas patrocinadoras da Rede Globo.



Merchandising:


Programas como “Altas Horas”, “Esquenta”, “Domingão” e outros populares recebem com a frequência e exatidão de um relógio suíço, os sertanejos do momento e que são parte da grade de “artistas globais”; a maior parte deles, donos de fazendas de criação de gado e matadouros – Marcos & Belutti, Zezé Di Camargo e Luciano, Jads & Jadson, Gustavo Lima, Michel Teló, Daniel, Paula Fernandes (a rainha dos rodeios), Victor e Léo, Jorge e Mateus, etc.


Tudo isso garante o bom funcionamento da “máquina” – é publicidade pecuária. Até ai você não viu problemas, não é? Business to Business.


O problema maior é quando se percebe que a Amazônia está sendo devastada por lotes e mais lotes de fazendas de gado que através das marcas relacionadas, recebem o endorse dos artistas mais queridos do Brasil - a maioria deles, donos de fazendas milionárias. Pessoas que fizeram do seu primeiro milhão, cabeças de gado e investiram no desmatamento da Amazônia, contribuindo para a extinção das espécies nativas, a seca que deriva da destruição dos mananciais e provoca ano após ano, severas mudanças climáticas.


O mais assustador de tudo isso é quando a política entra no meio. A maioria dos políticos - principalmente a turma dos militares -, justamente a máfia dos mais antigos, são outros dos maiores latifundiários deste país. Um exemplo atual é o candidato à reeleição Aécio Neves, dono de fazendas pelo Brasil a fora e gigantescas terras em Minas Gerais. Para alimentar o gado, os pecuaristas desmatam uma área de 550 quilômetros quadrados, o equivalente ao estado de Minas Gerais. Agora não fica fácil perceber como a turma da fazenda se une para fazer sertanejo e política numa pegada só. Churrasco, cerveja e dinheiro – essas são as palavras de ordem da turma ‘Caipira’ (com letra maiúscula). Maiúscula porque não se pode conceituar de outra forma, ainda mais em plena Era da Informação, quando várias potências mundiais preconizam a urgência da redução do desmatamento e o freio na redução da emissão de gás carbônico emitido pelo boi, que somente nas fazendas do Mato Grosso é 40% superior aos carros e fábricas do mundo todo, juntos. O gás metano é mais prejudicial à camada de ozônio do que o dióxido de carbono e muito mais severo aos impactos ambientais.


Desta forma, não há outro adjetivo para denominar a turma do “mais churrasco” senão de “Caipiras” com letra maiúscula, porque simplesmente não há mais tempo.


O último relatório das Nações Unidas declarou que se a redução do consumo não frear imediatamente, até 2050 teremos a completa devastação da vida marítima e verões insuportáveis – simples assim, não haverão mais árvores.


Percebem agora o que promovem as marcas e artistas que financiam a destruição gradativa das espécies do planeta!?


Marcas frigoríficas recebem apoio de artistas sertanejos que prevalecem expostos no palco da Rede Globo, vendendo o churrasco através do merchandising, patrocinando candidatos latifundiários, que por sua vez, isentam os impostos da Rede Globo. É um grande circulo vicioso e a nós, só cabe o “pão e circo”, o bom e velho entretenimento – comer um bom churrasco, assistindo a um programa cafona de sábado ou domingo, aplaudindo algum dos sertanejos mais ricos do Brasil, dono de milhares de cabeça de gado, que para manter o seu clã, empresta sua imagem para candidatos na turma da “festa Vip na fazenda”.


Mas se este é o seu candidato predileto, não desconsidere todo o circulo vicioso publicitário das marcas que patrocinam o desmatamento da Amazônia em troca de mais um pote de ouro, por antipatia política. O atual governo também tem lá sua enorme parcela de culpa: o Brasil ainda vende e exporta carne como commoditie porque a cultura arraigada aqui é a de consumir gado e suíno como se fossem sacos de batata. Para este ou qualquer outro governo que lide com macroeconomia, carne é igual à valorização da moeda. Por isso fazemos do nosso quintal, criação de pasto. Não deixa de ser verdade! Mas o que não é informado é que os prejuízos ambientais são incalculáveis.


O candidato da ala verde, Eduardo Jorge, apresentou em seu plano de governo a proposta de carne orgânica e a diminuição aos incentivos da pecuária. A mim, me parece que fazer carinho antes de matar os bichos não seria a melhor atitude a ser tomada pois a enorme demanda não teria suporte para tal. Contudo, reduzir os incentivos à pecuária seria um grande avanço para a frear o desmatamento, reduzir os impactos ambientais, frear a mão de obra escrava humana no trabalho à indústria da morte e até aliviar o sofrimento destes animais; mas isso só seria possível quando todos compreendessem que ao invés de desligar a torneira que pinga, tomar um banho rápido, reclamar da chuva que não cai, o mais importante é entender que para produzir 1 quilo de carne, gastam-se 43.000 litros de água. É que os rebanhos consomem boa parte dos recursos da Terra. Ou seja, um churrasco para 6 pessoas é capaz de provocar severos e irreversíveis danos à mata e a morte de centenas de milhares de espécies. Uma vaca, num único gole, bebe até 2 litros de água. Num dia, consome até 100 litros. Isso, sem contar que ela vive num ambiente completamente desmatado e que 70% dos grãos produzidos no mundo servem para alimentá-la. No oceano, não é diferente, 70% dos peixes dos mares viram ração de gado.


Então, da próxima vez que você ver um sertanejo feliz cantando uma romântica canção de amor embalado ao sopro da viola, com um mate e uma brasa queimando um inocente churrasco, já sabe muito bem do que se trata – é marketing, trata-se da embalagem feliz do desmatamento da Amazônia.

Assista e supreenda-se com esses dados:

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