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Como impactar suas ideias positivamente - Linguagem persuasiva


Por Luciane Pires

----- A HISTÓRIA DO CAVALO -----

Eu amo cavalos! Aliás, eu amo animais. Não é a toa que desde pequena eu choro quando viajo pelas estradas e vejo bicho morto pelo caminho. Não é a toa que dedico boa parte do meu tempo ao ativismo. Não foi a toa que cursei Publicidade senão para impactar as pessoas de uma maneira mais eficaz, justamente para protegê-los.


Mas quando somos pegos de súbito, não adianta. O lado emotivo, o posicionamento e os traumas sempre ressurgem à frente do profissional, que antes de tudo, é humano. Sendo assim, normalmente quando eu vejo um cavalo na rua carregando um peso descomedido, com sede, magro, com fome, cansado, com freios na boca empurrando sua língua para dentro, viseiras que desorientam os sentidos, patas e costas machucadas e, ainda por cima, levando chicotadas; eu me perco em mim e não lembro de estratégia nenhuma.


É sempre a mesma coisa: estou no trânsito, no carro, numa avenida quando eu vejo a tal carroça. Em geral, eu me emociono, o sangue sobe, abro a janela, grito pra parar de chicotear (já arranquei o chicote do homem uma vez e levei pra casa). O saldo disso é só uma porção de gritos, uns palavrões de volta... E lá se vai o pobre do cavalo levando chicotada com mais força agora; graças a minha perda de estribeira!


Foi então que eu resolvi parar pra respirar e realmente usar técnicas de propaganda e marketing para atingir as pessoas. Hoje foi mais um dia daqueles, mal saio na rua e lá está o pobre cavalo levando chicotadas e tendo sua carroça “quase” partida ao meio por um caminhão – todos nós precisamos de carteira de motorista, seta, reciclagem... Carroceiro não. Que absurdo!


Lembrei-me de um professor que fez uma analogia muito bacana. Ele explicou que a aceitação de uma ideia é a mesma que a aceitação do corpo ao ingerir um remédio. Se você tomar, por exemplo, óleo de rícino no “guti-guti”, certamente não passará do segundo gole e vomitará tudo, eliminando além do ingerido, outras matérias que não estavam no pacote.


A questão é simples, se você ingerir uma determinada substância na qual não está acostumado, e ainda por cima, tudo de uma vez só, seu organismo não vai aguentar, ele terá repulsa, se sentirá agredido e eliminará com fúria. Então, a melhor estratégia e também a mais eficaz é aplicar o medicamento em doses homeopáticas, conta a gotas - todo dia um pouquinho, de preferência diluído em água para que o paciente nem perceba [Sabe essas postagens de rede social? Em geral estão fazendo isso – linguagem persuasiva para que você absorva uma mensagem “diluída em água”, sem perceber].


As melhores estratégias estão subliminares. Isso faz com que as ideias e substâncias sejam aceitas pelo organismo. São essas “ingênuas” e sutis interferências que promovem as mais eficazes mudanças no corpo e na mente. Sem rejeição!


Passei então a me colocar no lugar dessas pessoas e analisar como elas me percebiam – numa posição melhor, muitas vezes no ar condicionado e resmungando deles que não tratavam bem “um bicho” (que na sua concepção, não vale nada ou muito menos do que gente!).


Procurei me conectar com essas pessoas. Pra alguma coisa essas aulas de comunicação haviam de me servir na hora do meu maior trauma: ver alguém maltratando um bicho.


Equalizei minha voz de maneira suave e gutural para não demonstrar emotividade, abri o vidro delicadamente, sorri e disse: “Bom dia!!!”.


A resposta dessa manifestação foi um sonoro e sorridente “Bom dia!!!”.


Então eu pude continuar. “Tudo bem? Sabe o que é!? É que eu amo cavalos, meu sonho é ter um mas eu moro em apartamento. Vocês já deram água pra ele hoje? Nossa, o sol está de rachar, né? Não dá pra judiar. E o peso, será que ele aguenta? Eu fiquei sabendo que esses bichos têm uma inteligência muito elevada, maior até do que algumas pessoas que a gente conhece, né vizinha!?” [piscando e sorrindo]. E a conversa fluiu tranquilamente. Até carinho fizeram no cavalo. =)


Pronto! Agora estavam envolvidos, desarmados, entretidos. Ali, romperam-se as barreiras da diferença e da agressão no organismo, veio a aceitação. A pessoa que me percebia numa posição mais confortável e se metendo em sua vida, passou a me ver como uma igual que interagia alegremente dando valor a algo que eles tinham e eu sempre sonhara em ter - um cavalo.


O ser humano precisa ser aceito e ter suas ideias compreendidas; desde criança passamos a maior parte do tempo justificando o porquê de nossas escolhas. Então, a principal estratégia da linguagem persuasiva é conseguir “os três sims” logo na abordagem – “Bom dia!!!” (sim), “Tudo bem?” (sim), “Que lindo é seu cavalo!” (sim)


Agora, a pessoa se desarmou e está prontinha para aceitar as minhas ideias.

Então, seja na proteção de um bicho que sofre, no enfrentamento de problemas do dia a dia ou na resolução de tarefas difíceis, lembre-se de apoderar-se dos “ 3 sims” e construa um mundo melhor. Porque se não for pra ser melhor, vai causar rejeição mais cedo ou mais tarde.


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